A Fossa das Marianas: Descobrindo os Mistérios do Abismo Mais Profundo do Planeta

A Fossa das Marianas é um lugar de fascínio e mistério. Localizada no Oceano Pacífico, a cerca de 2.550 quilômetros a sudoeste das Ilhas Marianas, é a fossa oceânica mais profunda do mundo, atingindo profundidades de quase 11 quilômetros. Embora essa área remota tenha sido explorada apenas por um punhado de pessoas, ela tem fascinado os cientistas, geólogos e aventureiros por décadas.

A história da Fossa das Marianas começa há cerca de 180 milhões de anos, quando o Oceano Pacífico começou a se abrir. À medida que as placas tectônicas se moviam, a parte ocidental da Placa do Pacífico começou a se mover em direção ao Leste Asiático. O choque entre a placa e a borda continental de uma série de ilhas vulcânicas, conhecida como Arco das Marianas, criou uma zona de subducção, onde a placa oceânica foi forçada sob a placa continental.



A subducção da placa oceânica continuou por milhões de anos, e o resultado foi a criação da Fossa das Marianas. À medida que a placa oceânica era forçada para baixo, a pressão e o calor aumentavam, criando uma zona de derretimento. O magma resultante se elevou até a superfície, formando uma série de vulcões submarinos. Com o tempo, esses vulcões se fundiram em uma cadeia de montanhas submarinas, conhecida como Cadeia das Marianas.

A fossa em si é uma característica geológica relativamente recente, tendo se formado apenas nos últimos 6 milhões de anos. Ela se estende por mais de 2.500 quilômetros ao longo da Cadeia das Marianas, e tem uma largura média de cerca de 70 quilômetros.

Mas o que torna a Fossa das Marianas tão misteriosa é o fato de que ela é uma das regiões mais inexploradas do planeta. As profundezas extremas da fossa significam que a pressão é mais de mil vezes maior do que na superfície do mar, tornando-a um ambiente extremamente hostil para a vida humana. Até o momento, apenas três expedições tripuladas foram realizadas para explorar a fossa, sendo a primeira em 1960 pelo submersível Trieste.


Durante a expedição do Trieste, o tenente da Marinha dos Estados Unidos, Don Walsh, e o oceanógrafo suíço, Jacques Piccard, foram os primeiros humanos a descerem até o fundo da Fossa das Marianas. Eles relataram ver animais estranhos, incluindo um peixe-papagaio, que nunca haviam sido vistos antes. Além disso, eles relataram ter visto um líquido viscoso que parecia óleo no fundo da fossa. No entanto, devido às limitações do equipamento da época, a exploração do fundo da fossa foi limitada.

Mais de 50 anos depois, em 2012, o cineasta James Cameron liderou uma expedição para explorar a fossa. Usando um submersível pessoal chamado Deepsea Challenger, Cameron desceu sozinho até a profundidade de 10.908 metros, estabelecendo um novo recorde para a descida mais profunda já feita por um humano. Durante sua expedição, ele foi capaz de coletar amostras do solo da fossa, bem como fazer observações detalhadas do ambiente marinho nas profundezas.


As descobertas da expedição de Cameron foram significativas, incluindo a descoberta de uma nova espécie de anfípode, um pequeno crustáceo que se parece com um camarão. Além disso, ele também observou que a vida marinha nas profundezas da fossa parecia muito mais ativa do que o esperado, incluindo peixes-papagaio, camarões, caranguejos e cefalópodes.

Mas, apesar dessas descobertas, a Fossa das Marianas ainda é um lugar de muitos mistérios. Uma das maiores questões que os cientistas estão tentando responder é se há vida inteligente no fundo da fossa. Embora não haja evidências diretas disso, muitos acreditam que a pressão extrema e a falta de luz não impedem a existência de criaturas com habilidades especiais, capazes de sobreviver nesse ambiente hostil.

Outra questão é a natureza do líquido viscoso relatado por Walsh e Piccard durante sua expedição em 1960. Algumas teorias sugerem que poderia ser petróleo ou outro tipo de fluido hidrotermal. No entanto, sem mais exploração e amostragem, essa questão permanece sem resposta.

Além disso, a Fossa das Marianas também é vista como uma área importante para a pesquisa sobre a geologia da Terra e o processo de subducção das placas tectônicas. Os cientistas acreditam que a fossa pode oferecer pistas sobre como a Terra se formou e evoluiu ao longo do tempo.

Para continuar explorando a Fossa das Marianas e responder a essas perguntas, são necessárias tecnologias avançadas, como submarinos robóticos e sistemas de observação remota. Uma maior exploração pode levar a descobertas significativas não apenas sobre o oceano profundo, mas também sobre a história e a evolução da Terra.

Pequeno crustáceo descoberto por James Cameron

Em resumo, a Fossa das Marianas é uma região de grande mistério e fascínio. Embora tenha sido explorada por apenas algumas pessoas, suas profundezas insondáveis oferecem a promessa de novas descobertas sobre a vida marinha, a geologia da Terra e talvez até mesmo a existência de formas de vida inteligente. À medida que a tecnologia avança e novas expedições são planejadas, pode ser que a Fossa das Marianas finalmente revele seus segredos mais profundos.